O governo federal enviou à Unesco um dossiê solicitando o reconhecimento do Maracatu Nação, ou baque virado, como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. A decisão, que será anunciada até o final de 2025, gerou expectativa entre os grupos de Pernambuco, onde a manifestação é mais forte. Enquanto alguns mestres celebram a oportunidade de maior visibilidade e preservação, outros expressam ressalvas, destacando a falta de apoio concreto mesmo após o tombamento pelo Iphan em 2014.
O Maracatu Nação, com raízes nos séculos 17 e 18, é uma expressão cultural afro-diaspórica que mistura cortejos reais, música percussiva e elementos religiosos. Personagens como rei, rainha e as calungas (bonecas sagradas) compõem a hierarquia do desfile, reforçando a ancestralidade negra. A manifestação já se espalhou para outros estados e países, como Canadá e França, mas mantém seu coração em Pernambuco, especialmente na região metropolitana do Recife.
Apesar do otimismo de parte dos mestres, há críticas sobre a efetividade do reconhecimento. Alguns apontam a falta de execução do plano de salvaguarda, que previa apoio financeiro e infraestrutura, mas não chegou aos grupos. Problemas como espaços inadequados para desfiles e ausência de incentivos persistem, deixando a manutenção da tradição dependente dos próprios participantes. Enquanto o Brasil aguarda a decisão da Unesco, o debate sobre preservação versus abandono continua.