A União dos Movimentos de Moradia de São Paulo criticou as alternativas apresentadas pelo governo estadual para a remoção das famílias da Favela do Moinho, localizada no centro da capital paulista. O plano, que prevê a transformação do local em um parque e uma estação da CPTM, oferece financiamentos de até R$ 250 mil para imóveis na região central e R$ 200 mil para outras áreas da cidade. No entanto, moradores e representantes alegam que as propostas não atendem às suas necessidades, já que muitos não têm renda suficiente para arcar com os financiamentos e os imóveis oferecidos seriam pequenos para abrigar famílias inteiras.
O governo afirma que a remoção busca proporcionar dignidade e segurança aos residentes, que vivem em condições de risco, e que o diálogo com a comunidade ocorre há quase um ano. Até o momento, 719 famílias (87% do total) teriam aderido ao programa, com 558 aptas a assinar contratos. Por outro lado, moradores relatam sentir-se pressionados a deixar suas casas sem garantias claras de reassentamento, enquanto pesquisadores alertam para a militarização desses processos e para possíveis interesses em parcerias público-privadas na área.
Além disso, especialistas destacam que a questão da Favela do Moinho reflete um padrão mais amplo de desigualdade urbana em São Paulo, onde imóveis ociosos concentram-se em mãos de herdeiros e instituições religiosas. Enquanto o governo insiste na legitimidade do projeto, líderes comunitários denunciam uma política higienista que marginaliza populações pobres, empurrando-as para áreas periféricas sem infraestrutura adequada. O impasse permanece, com incertezas sobre o futuro das famílias e o destino do território.