A União dos Movimentos de Moradia de São Paulo criticou as propostas do governo estadual para a remoção das famílias da Favela do Moinho, localizada no centro da capital paulista. O plano, que inclui a transformação do local em um parque e uma estação da CPTM, oferece financiamentos de até R$ 250 mil para imóveis na região central e R$ 200 mil para outras áreas da cidade. No entanto, moradores e representantes alegam que as alternativas não atendem às necessidades da comunidade, já que muitos não teriam renda suficiente para quitar os financiamentos, além de considerarem os imóveis pequenos e mal localizados.
O governo afirma que a remoção busca garantir dignidade e segurança às 821 famílias que vivem em condições de risco, destacando que 87% já aderiram ao programa. Contudo, moradores relatam pressão para deixar suas casas sem garantias claras de reassentamento, enquanto pesquisadores apontam para a militarização do processo e possíveis interesses em parcerias público-privadas. A Secretaria de Patrimônio da União também reconheceu falhas na precisão das informações sobre os destinos das famílias, condicionando a cessão do terreno ao apoio integral à comunidade.
Especialistas alertam para um padrão de remoções que marginaliza populações pobres, empurrando-as para áreas periféricas. Um estudo da USP revelou que 74% dos imóveis ociosos no centro de São Paulo pertencem a herdeiros rentistas e instituições religiosas, enquanto o Censo de 2022 identificou quase 590 mil propriedades vazias na cidade. A situação expõe contradições nas políticas urbanas, que, segundo críticos, priorizam projetos de revitalização em detrimento da inclusão social.