Desde 2013, um farmacêutico francês do Instituto Gustave Roussy, em Villejuif, próximo a Paris, utiliza impressoras 3D para personalizar medicamentos para crianças e adolescentes em tratamento contra o câncer. A iniciativa surgiu devido à escassez de fórmulas adequadas para pacientes pediátricos e idosos, já que a indústria farmacêutica prioriza dados de homens adultos saudáveis. O projeto focou inicialmente em melhorar o sabor e a dosagem do Bactrim, um antibiótico essencial durante a quimioterapia, mas que muitas crianças recusavam devido ao gosto desagradável e ao volume do xarope.
A equipe testou diferentes formatos e aromas, como hortelã, até chegar a um comprimido em forma de macaron, um biscoito francês. A estratégia separou os dois antibióticos do Bactrim, colocando a molécula de melhor sabor na parte externa e a menos palatável no interior, reduzindo o contato com as papilas gustativas. A nova versão, com 400 mg de concentração, foi aprovada em testes preliminares e está em fase de ampliação para 30 pacientes, com resultados esperados até o final de 2023.
Além do Bactrim, o hospital planeja adaptar outras moléculas para tratamentos pediátricos e adultos, aumentando a produção para 500 comprimidos diários. A legislação francesa facilitou a implementação rápida dessas soluções, e os próximos passos incluem otimizar a impressão 3D para escalonar a produção. O projeto representa um avanço significativo na personalização de medicamentos, melhorando a adesão ao tratamento e reduzindo riscos de interrupções terapêuticas.