A exportação de gado vivo no Brasil atingiu um recorde em 2024, com mais de 1 milhão de bovinos enviados para países como Turquia, Egito e Iraque, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O volume representa um aumento de mais de 40% em relação a 2023, consolidando o país como um dos principais exportadores do setor. No entanto, a prática tem sido alvo de críticas por parte de ativistas e especialistas, que denunciam maus-tratos aos animais durante o transporte marítimo, condições insalubres e riscos sanitários e ambientais.
Durante as viagens, que podem durar semanas, os animais são confinados em espaços reduzidos, muitas vezes cobertos por fezes e urina, o que gera sofrimento extremo. Casos como o do navio Al Kuwait, que partiu do Rio Grande do Sul em 2024 com 19 mil cabeças de gado e foi descrito como “abominável” por autoridades sul-africanas, ilustram as condições precárias. Além disso, o abate nos países de destino, frequentemente realizado sem insensibilização prévia, conforme exigências religiosas, também é alvo de controvérsia.
No Brasil, há tentativas de proibir a atividade por meio de ações judiciais e projetos de lei no Congresso, que alegam violação da dignidade animal e riscos à saúde pública. O Ministério da Agricultura reconhece deficiências nas regras durante o transporte, mas defende a importância econômica do setor, que movimentou R$ 20 bilhões na última década. Enquanto isso, o debate sobre ética animal e sustentabilidade ganha força, pressionando por mudanças na regulamentação internacional.