O ex-vice-presidente do Banco Mundial e ex-diretor-executivo do FMI, Otaviano Canuto, avalia que a postura protecionista do presidente dos EUA, Donald Trump, está beneficiando a China, que se apresenta como defensora do livre comércio. Segundo ele, países asiáticos como Japão, China e Coreia do Sul, historicamente distantes, estão se aproximando política e economicamente em resposta às tarifas impostas por Trump. Essa movimentação inédita sugere que o protecionismo norte-americano está unindo nações que antes eram adversárias.
Canuto também destaca o potencial de uma aproximação entre China e União Europeia, que poderiam deixar de lado suas diferenças diante das políticas comerciais agressivas dos EUA. A China, desde o primeiro mandato de Trump, vem reduzindo sua dependência da economia norte-americana e se preparando para retaliar, como fez ao impor tarifas equivalentes às anunciadas pelos EUA. O economista compara o conflito comercial a uma luta de boxe, onde a surpresa foi a resposta incisiva da Pequim, que pegou analistas e até o próprio Trump de surpresa.
O embate comercial parece longe de acabar, com Trump sendo pressionado a retaliar novamente. Enquanto os EUA se fecham, a China capitaliza a oportunidade para se posicionar como líder do comércio global, reforçando alianças e mostrando resistência às medidas protecionistas. O cenário atual revela uma reconfiguração das relações econômicas internacionais, com impactos ainda incertos para o resto do mundo.