A segurança energética da Europa permanece frágil mais de três anos após a invasão da Ucrânia pela Rússia. O gás natural liquefeito (GNL) dos EUA ajudou a suprir a demanda durante a crise de 2022-2023, mas a postura do ex-presidente Donald Trump, que usou a energia como moeda de troca em negociações comerciais, levantou preocupações sobre a dependência europeia dos Estados Unidos. Executivos de grandes empresas da UE agora avaliam a possibilidade de retomar parcialmente as importações de gás russo, uma ideia impensável há um ano, diante das limitações de outras fontes e da lentidão na expansão das renováveis.
A Alemanha, que dependia fortemente do gás russo para sua indústria, enfrenta pressões para reabrir os gasodutos e reduzir custos energéticos. Enquanto isso, a França, com sua matriz diversificada, já discute a possibilidade de a Rússia suprir até 25% da demanda europeia, abaixo dos 40% pré-guerra. Pesquisas e declarações de líderes industriais mostram um crescente apoio à retomada das importações, especialmente em regiões onde a economia local foi severamente impactada.
O fator Trump e a guerra comercial amplificam as incertezas. Com a UE preparando-se para comprar mais GNL dos EUA, analistas alertam para o risco de que o combustível americano se torne uma “ferramenta geopolítica”. Enquanto isso, processos de arbitragem contra a Gazprom por quebras contratuais podem influenciar negociações futuras. A Ucrânia, por sua vez, espera que a Europa mantenha cautela ao lidar com a Rússia, enquanto busca posicionar-se como hub de exportação de GNL para o continente.