Pesquisas realizadas pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) detectaram resíduos de agrotóxicos e micotoxinas em fórmulas infantis comercializadas no Brasil, incluindo substâncias proibidas, como carbofurano e metamidofós. Os estudos, publicados em revistas científicas em 2024 e 2025, analisaram 30 amostras e identificaram 32 compostos, entre eles hormônios e medicamentos veterinários, alguns em concentrações acima dos limites permitidos pela União Europeia. A contaminação pode ter ocorrido por bioacumulação no meio ambiente ou durante a produção das matérias-primas, como leite de vaca e cabra.
Embora as fórmulas infantis sejam essenciais para crianças que não podem ser amamentadas, o Brasil não possui legislação específica para limites de resíduos de pesticidas nesses produtos. O consumo de agrotóxicos, mesmo em pequenas quantidades, pode causar danos metabólicos, hormonais e até cancerígenos, com riscos ampliados para crianças, cujos sistemas imunológico e nervoso estão em desenvolvimento. Especialistas alertam que a exposição contínua a essas substâncias, presentes em diversos alimentos, pode levar ao acúmulo de toxinas no organismo.
O texto também destaca a falta de fiscalização robusta no país, já que alimentos ultraprocessados, como fórmulas infantis, não são monitorados quanto a resíduos de agrotóxicos. Enquanto a União Europeia aplica penalidades rigorosas em casos de não conformidade, o Brasil carece de um sistema efetivo de controle e punição. Além disso, cerca de 80% dos agrotóxicos permitidos no país são proibidos em nações da OCDE, e os limites de resíduos podem ser até 200 vezes mais altos do que os padrões europeus.