Um estudo publicado na revista *Chemosphere* detectou a presença de agrotóxicos na água da chuva em três cidades do estado de São Paulo: Brotas, Campinas e São Paulo. A pesquisa, coordenada por uma professora do Instituto de Química da Unicamp, analisou amostras coletadas entre 2019 e 2021. Os pesticidas, aplicados em lavouras, são dissipados na atmosfera e transportados por fenômenos climáticos, como vento e umidade, condensando-se nas gotas de chuva e retornando ao solo. Isso preocupa os pesquisadores, pois a água contaminada pode atingir corpos d’água e afetar ecossistemas.
Foram identificados 14 agrotóxicos e cinco derivados, incluindo o herbicida atrazina, presente em todas as amostras, e o fungicida carbendazim, encontrado em 88% delas — embora proibido no Brasil. Embora as concentrações não tenham excedido os limites legais para água potável, muitas substâncias não possuem padrões de segurança estabelecidos. A exposição crônica, mesmo em baixas doses, pode causar danos à saúde humana e à vida aquática. O herbicida 2,4-D, detectado em altas concentrações em Brotas, é especialmente preocupante devido à sua capacidade de dispersão pelo ar e aos riscos comprovados para a fertilidade humana.
O estudo alerta para o fato de o Brasil ser o maior consumidor global de agrotóxicos, incluindo produtos banidos na União Europeia. Os pesquisadores recomendam maior monitoramento e tratamento baseado em evidências científicas. A pesquisa reforça a necessidade de políticas alinhadas ao ODS 12 da ONU, que promove consumo e produção responsáveis. Os resultados destacam desafios ambientais e de saúde pública, exigindo ações para reduzir impactos negativos.