Um levantamento do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (Sinisa) apontou que 11 municípios da região de Ribeirão Preto (SP) perdem até 69% da água destinada ao abastecimento, totalizando 94,7 bilhões de litros desperdiçados anualmente. As perdas, causadas por vazamentos e ligações clandestinas, superam a média nacional de 39%, com destaque para São Joaquim da Barra, que registra o maior percentual (69,23%), e Ribeirão Preto, que lidera em volume absoluto (54 bilhões de litros perdidos por ano). O problema é agravado pelo alto consumo per capita em cidades como Aramina, onde o uso médio chega a 609 litros por dia, quase quatro vezes acima da média brasileira.
Além do desperdício, as localidades enfrentam intermitências no fornecimento, com quase 26 mil reclamações por falta d’água em 2023. Especialistas alertam para a urgência de medidas como fiscalização de ligações irregulares, modernização da infraestrutura e controle de outorgas, especialmente em Ribeirão Preto, que depende exclusivamente do Aquífero Guarani. O professor Marcelo Marini Pereira de Souza, da USP, ressalta que a escassez hídrica exige gestão mais eficiente, já que a demanda por água subterrânea agora supera a oferta.
Algumas prefeituras, como as de Batatais, Colina e Patrocínio Paulista, afirmam estar implementando ações para reduzir perdas, como telemetria e reparos em redes. Ribeirão Preto citou investimentos em poços e reservatórios, além de campanhas de conscientização. No entanto, sete municípios não se manifestaram sobre as críticas. Os dados destacam a necessidade de políticas públicas mais robustas para garantir a sustentabilidade dos recursos hídricos na região.