Um estudo do Observatório de Bioeconomia da FGV destacou a disparidade entre os países na preservação ambiental em propriedades privadas. Enquanto nações como EUA, Canadá e União Europeia adotam programas de pagamento por serviços ambientais (PSA) ou incentivos fiscais, o Brasil impõe obrigações legais sem compensação financeira. O Código Florestal brasileiro exige que produtores rurais preservem até 80% de suas terras na Amazônia Legal, 35% no Cerrado e 20% em outras regiões, resultando em 120 milhões de hectares protegidos—mais do que todas as unidades de conservação do país juntas.
Em comparação, países como EUA e Canadá têm programas voluntários, como o Conservation Reserve Program (CRP), que remunera produtores por retirar áreas da produção. Na União Europeia, até 10% das terras privadas são destinadas à conservação com financiamento público, enquanto na China, o reflorestamento é feito via programas estatais. Angola tem legislação similar à brasileira, mas o cumprimento é limitado. O estudo evidencia que o Brasil é o único onde os produtores arcam sozinhos com os custos da preservação.
A análise conclui que, enquanto outros países compartilham a responsabilidade ambiental com políticas públicas robustas, o produtor rural brasileiro preserva 50% de suas terras sem compensação, afetando sua competitividade internacional. O texto defende a necessidade de discutir mecanismos de justiça ambiental e valorizar a sustentabilidade embutida nos produtos brasileiros, como soja, milho e carne, que carregam esse custo invisível. A autora ressalta a importância de comunicar esse esforço para equilibrar reconhecimento e equidade no mercado global.