Entre 1991 e 2023, 3.464 pessoas morreram no Brasil devido a deslizamentos, enchentes e outros eventos hidrológicos, muitos relacionados a chuvas intensas. Um estudo inédito do Instituto Trata Brasil, divulgado em março de 2025, mostra que 32,49% dos municípios brasileiros não possuem qualquer sistema de drenagem de águas pluviais. A pesquisa, baseada em dados do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico, revela ainda que apenas 3,2% das cidades tratam essas águas, e somente 5,3% têm planos diretores específicos para o manejo do problema.
O investimento em drenagem e manejo de águas pluviais urbanas (DMAPU) tem sido insuficiente: entre 2021 e 2023, foram aplicados R$ 26,7 bilhões, média anual de R$ 8,9 bilhões, muito abaixo dos R$ 22,3 bilhões anuais necessários para universalizar os serviços até 2033. Além disso, 78,2% das vias urbanas têm pavimentação, mas apenas 33,5% contam com redes pluviais subterrâneas. O cenário é agravado pelas mudanças climáticas, que aumentam a frequência e intensidade das chuvas, colocando 50% dos municípios em risco alto ou muito alto de eventos extremos até 2030.
O estudo destaca a urgência de políticas públicas mais eficientes, especialmente em um país tropical como o Brasil, onde as chuvas de verão são frequentes e devastadoras. Tragédias recentes, como as ocorridas no Rio Grande do Sul em 2024, evidenciam a necessidade de investimentos em prevenção e infraestrutura. Sem ações concretas, os impactos ambientais e humanos tendem a se intensificar, com prejuízos econômicos e sociais cada vez maiores.