Um estudo baseado nos microdados do PIRLS, analisados pelo Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), destacou a profunda desigualdade no desempenho em leitura entre estudantes brasileiros de diferentes níveis socioeconômicos. Enquanto 83,9% dos alunos mais ricos do 4º ano do ensino fundamental atingem um aprendizado adequado, apenas 26,1% dos mais pobres alcançam o mesmo patamar. A diferença de 58 pontos percentuais é a maior entre os países participantes da avaliação, refletindo como a condição socioeconômica impacta diretamente a aprendizagem.
A pesquisa também revelou que quase metade (49%) dos estudantes de baixa renda estão abaixo do nível básico de leitura, contra apenas 16% entre os de renda média e alta. Além disso, outras disparidades foram observadas, como a diferença de desempenho entre gêneros, com meninos apresentando maior dificuldade, e a influência do acesso precoce à leitura e do hábito de leitura dos pais no desenvolvimento das crianças. Esses dados evidenciam a necessidade de políticas educacionais mais equitativas.
O diretor-fundador do Iede ressaltou que a leitura é uma competência fundamental para o desenvolvimento em todas as áreas do conhecimento e na vida em sociedade. Ele defendeu a urgência de direcionar recursos e estratégias para reduzir as desigualdades, como atrair bons professores para regiões vulneráveis e melhorar a infraestrutura escolar. O estudo serve como um alerta para que o país priorize a equidade na educação, garantindo que todos os estudantes tenham oportunidades iguais de aprendizado.