Nos últimos cinco anos, a desinformação sobre autismo aumentou 15.000% na América Latina e no Caribe, com o Brasil liderando o ranking de teorias conspiratórias sobre o tema. A pesquisa, realizada em parceria entre a FGV e a Associação Nacional para Inclusão das Pessoas Autistas, analisou mais de 60 milhões de mensagens em grupos abertos do Telegram entre 2019 e 2024. Os dados mostram que famílias são constantemente expostas a mentiras perigosas, muitas vezes disfarçadas de orientação, em um cenário descrito como uma “epidemia digital”.
O estudo identificou que o autismo é frequentemente associado a movimentos como o antivacina, teorias sobre globalismo e a chamada Nova Ordem Mundial. Foram listadas 150 falsas causas para a condição, incluindo vacinas, tecnologia 5G e até o consumo de alimentos como Doritos. Além disso, circularam informações sobre “curas” perigosas, como ozonioterapia e ingestão de substâncias tóxicas, explorando o desespero de familiares e colocando vidas em risco.
Os pesquisadores alertam para a monetização da desinformação, que se tornou um modelo de negócio lucrativo em plataformas digitais. Com o aumento de matrículas de alunos autistas em escolas regulares, o estudo reforça a urgência de combater a disseminação de informações falsas, que prejudicam a inclusão e o acesso a tratamentos baseados em evidências científicas.