Uma pesquisa realizada pela organização não governamental Ação da Cidadania destacou as difíceis condições enfrentadas por entregadores de comida por aplicativo no Rio de Janeiro e em São Paulo. O estudo mostrou que 32% desses trabalhadores vivem em algum grau de insegurança alimentar, sendo que 13,5% enfrentam níveis moderados ou graves do problema—taxa superior à média nacional de 9,4%. Além disso, 8% dos entrevistados sofrem com insegurança alimentar grave, popularmente conhecida como fome, evidenciando a vulnerabilidade desse grupo.
A situação vai além da alimentação inadequada: 56,7% dos entregadores trabalham todos os dias, 56,4% cumprem jornadas superiores a nove horas diárias e 41% já sofreram acidentes de trabalho. A maioria também não tem acesso a benefícios básicos, como Previdência Social (72%), seguros de vida (90,6%) ou saúde (90%). Quase todos arcam com os custos de dados móveis para usar os aplicativos, e a grande maioria não possui seguro para celular (93,4%) ou para o veículo utilizado no trabalho (67,6%).
O diretor-executivo da Ação da Cidadania descreveu o modelo de trabalho como uma “escravidão moderna”, em que os entregadores assumem todos os riscos e custos, sem receber contrapartidas suficientes para uma vida digna. Apesar da narrativa de autonomia e empreendedorismo, a realidade mostra que a maioria precisa trabalhar diariamente por longas jornadas, sem proteção social ou condições mínimas de bem-estar.