Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) alertam que espécies emblemáticas da vegetação brasileira, como ipês e jequitibás, estão ameaçadas pelas mudanças climáticas. Essas árvores, fundamentais para biomas como a Caatinga, o Cerrado e a Amazônia, têm baixa capacidade de adaptação às novas condições de temperatura e precipitação. Projeções indicam que, até 2060, a Caatinga pode perder grande parte de suas espécies nativas, substituídas por vegetação rasteira, enquanto o Cerrado, que já perdeu 70% de sua cobertura original, enfrenta degradação acelerada. Na Amazônia, entre 31% e 37% da diversidade arbórea pode desaparecer até meados do século.
As mudanças climáticas agravam estresses hídricos, reduzem a regeneração natural das florestas e alteram a composição das espécies. Árvores de ciclo longo, como jequitibás, são especialmente vulneráveis, pois demoram décadas para amadurecer e têm dificuldade de reprodução em ambientes degradados. A pesquisa destaca que a perda dessas espécies não é apenas ecológica, mas também cultural e econômica, já que elas desempenham funções vitais, como sequestro de carbono, regulação do microclima e proteção do solo.
Para evitar um cenário crítico, os cientistas defendem a preservação de áreas remanescentes, restauração ecológica em larga escala, redução de emissões de gases de efeito estufa e adaptação dos sistemas produtivos. A extinção de espécies como o ipê representaria não só um dano ambiental, mas também a perda de parte da identidade nacional, reforçando a urgência de ações coordenadas para mitigar os impactos das mudanças climáticas.