Um estudo realizado por pesquisadoras da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) revela que a produção de carne bovina no Brasil emite mais do que o dobro do limite de gases de efeito estufa necessário para cumprir as metas ambientais internacionais até 2030. Publicado na revista *Environmental Science and Pollution Research*, o trabalho projeta que as emissões do setor pecuário podem variar entre 0,42 e 0,63 gigatoneladas de dióxido de carbono equivalente, enquanto o limite estabelecido pela Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) é de apenas 0,26. As autoras destacam a urgência de adoção de práticas sustentáveis na cadeia produtiva para reduzir impactos climáticos e econômicos.
Além dos danos ambientais, a pesquisa estimou os custos financeiros associados ao excesso de emissões, utilizando o conceito de custo social do carbono (CSC). Os gastos incluem perdas agrícolas, danos por eventos climáticos extremos e impactos na saúde humana, podendo chegar a US$ 42,6 bilhões até 2030 se as metas não forem atingidas. O estudo ressalta que, sem reduções significativas, o aquecimento global pode levar a consequências como queda na produção agrícola, aumento de incêndios florestais e maior mortalidade.
O Acordo de Paris, que estabeleceu a NDC, tem como objetivo limitar o aquecimento global a 1,5°C, mas relatórios da ONU indicam que as metas atuais já são insuficientes. A pesquisa enfatiza a necessidade de mudanças no modelo de produção de carne bovina, incluindo técnicas de baixa emissão e combate ao desmatamento. As autoras defendem que a discussão não é sobre reduzir o consumo, mas sim sobre transformar um sistema que hoje é insustentável.