A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) monitorou atividades no Paraguai para investigar possíveis interferências de agentes estrangeiros, especialmente da CIA, em campanhas que pressionavam por mudanças no acordo da usina hidrelétrica de Itaipu. Segundo uma fonte anônima da Abin, o objetivo era proteger os interesses nacionais, já que a revisão do tratado poderia elevar custos energéticos e reduzir a competitividade da indústria brasileira. A atenção da agência foi despertada por uma ONG que promovia palestras em locais vinculados aos EUA, defendendo que o Paraguai vendesse energia a outros países além do Brasil.
Um incidente diplomático surgiu após vazamentos sobre um suposto ataque hacker aos sistemas paraguaios, atribuído a um funcionário da Abin, com o intuito de obter vantagens nas negociações de Itaipu. O caso, investigado pela Polícia Federal, levou o Paraguai a convocar embaixadores e suspender as tratativas sobre a comercialização de energia. Enquanto fontes ligadas à Abin enfatizam a defesa de interesses nacionais, o episódio expôs desconfianças mútuas e riscos à relação bilateral.
A campanha da ONG Demos, que comparava o conflito à história bíblica de Davi e Golias, alegava que o Paraguai deixou de lucrar bilhões devido ao acordo atual. Embora as palestras fossem públicas, a associação do grupo a espaços administrados por norte-americanos alimentou suspeitas de influência externa. O impasse reflete as complexidades geopolíticas em torno de Itaipu, onde questões econômicas e diplomáticas se entrelaçam.