A política de tarifas imposta pelos Estados Unidos contra parceiros comerciais tem como objetivo declarado reindustrializar o país, mas especialistas consultados pela Agência Brasil consideram isso improvável. Eles argumentam que a desindustrialização, iniciada nos anos 1970 com políticas neoliberais, é um processo estrutural difícil de reverter sem um plano coordenado de investimentos em infraestrutura, política industrial e regulação estatal. Além disso, a falta de unidade política e a contradição ideológica dentro do governo limitam a capacidade de mobilização necessária para uma reindustrialização efetiva.
Os economistas destacam que as tarifas podem ter efeitos inflacionários de curto prazo, especialmente em setores onde os EUA não têm capacidade produtiva, como têxteis e alimentos. A imprevisibilidade da política comercial também desincentiva investimentos de longo prazo, essenciais para a reindustrialização. Embora alguns setores, como automóveis e alumínio, possam se beneficiar, outros, como semicondutores, enfrentam escassez de mão de obra qualificada, um problema que não se resolve rapidamente.
Apesar das críticas, analistas reconhecem que a estratégia de Trump pode forçar negociações bilaterais e gerar receita fiscal, mas duvidam que isso mude a trajetória de declínio industrial dos EUA. Em contraste, a China, com um Estado altamente coordenado e políticas industriais consistentes, conseguiu ascender nas cadeias globais de valor. Para os especialistas, a complexidade da economia moderna e a desindustrialização de décadas tornam o plano de Trump insuficiente para reerguer a indústria americana como prometido.