Em audiência pública na Câmara dos Deputados, especialistas destacaram a crescente preocupação com a quantidade e a qualidade da água no Brasil. Juliano Schirmbeck, coordenador-técnico do MapBiomas Água, revelou que o país perdeu 1,9 milhão de hectares de superfície coberta por água nos últimos 40 anos, com o Pantanal sendo o bioma mais crítico. Ele ressaltou a necessidade de superar o mito da abundância hídrica, já que os reservatórios artificiais, embora tenham aumentado em 1,5 milhão de hectares, são menos resilientes às mudanças climáticas que os naturais.
Gustavo Veronesi, da SOS Mata Atlântica, alertou para a má qualidade da água, com apenas 7,6% dos rios monitorados apresentando condições boas e nenhum classificado como ótimo. Malu Ribeiro, também da organização, criticou a classificação atual dos rios pela resolução do Conama, especialmente a categoria 4, que permite a poluição de cursos d’água. Ela defendeu a revisão da norma para melhorar a proteção dos rios, principalmente em áreas urbanas e de agronegócio.
O deputado Nilto Tatto comprometeu-se a solicitar a revisão da norma no Conama e destacou a importância de projetos como a Política Nacional de Proteção de Rios (PL 2842/24). Participantes também defenderam a inclusão da água como direito fundamental na Constituição, já que 35 milhões de brasileiros ainda não têm acesso a ela. A audiência reforçou a urgência de políticas públicas para enfrentar a crise hídrica e garantir a sustentabilidade dos recursos naturais.