Há décadas, uma escritora brasileira tem construído sua carreira escrevendo sobre sua vida e as pessoas ao seu redor. Seus livros e crônicas misturam experiências reais com ficção, criando personagens que são combinações de várias pessoas para preservar identidades. Ela reconhece que essa abordagem pode causar desconforto, mas afirma que é parte essencial do seu trabalho. “Quem faz parte da minha vida vai aparecer no que eu escrevo”, explica, destacando que seu círculo mais próximo já está ciente e aceita essa dinâmica.
Em seu novo livro, “A boba da corte”, a autora explora as contradições de um grupo intelectual que ela admirava, mas que se mostrou diferente do esperado. Apesar de usar situações reais como inspiração, ela reforça que nenhum personagem é totalmente fiel à realidade, mesclando histórias e contextos para proteger os envolvidos. Mesmo assim, alguns conflitos pessoais surgem, como quando sua mãe ficou um mês sem falar com ela após a publicação de um livro sobre sua relação.
A escritora já enfrentou crises em relacionamentos por causa de seus textos, incluindo um término breve com um namorado que se sentiu exposto em uma crônica. Ela brinca sobre sua reação na época—”não fui eu”—, mas reforça que sua escrita vai além de suas intenções pessoais. Para ela, a autoficção é uma forma de expressão inevitável: “É o que eu sei fazer”. Seu trabalho, embora gere conflitos, também filtra quem compreende sua arte e se identifica com sua visão.