A Justiça do Trabalho condenou uma empresa terceirizada a pagar R$ 3 milhões a 210 trabalhadores resgatados em condições análogas à escravidão em Bento Gonçalves, em 2023. A decisão, proferida na última quinta-feira (24), ainda pode ser recorrida. Os empregados relataram ter sido submetidos a extorsão, ameaças, agressões e até tortura com choques elétricos e spray de pimenta. A ação judicial apontou que a empresa explorava a mão de obra de forma irregular, além de indicar que recursos financeiros teriam sido desviados para blindar patrimônios.
O caso veio à tona após três trabalhadores fugirem de um alojamento e denunciarem à Polícia Federal. Uma operação resgatou 207 pessoas, muitas trazidas da Bahia para atuar na colheita de uvas em vinícolas da região. As empresas envolvidas firmaram acordos com o Ministério Público do Trabalho (MPT), comprometendo-se a pagar indenizações por danos morais individuais e coletivos, totalizando R$ 7 milhões. A maioria dos trabalhadores já recebeu verbas rescisórias, mas a empresa condenada recusou proposta de acordo, levando ao bloqueio de contas em abril de 2025.
Apesar das condenações, a defesa da empresa nega que tenha havido trabalho análogo à escravidão. O caso destacou a vulnerabilidade de trabalhadores migrantes e reforçou a atuação de órgãos fiscalizadores no combate a violações de direitos laborais. Parte dos recursos das indenizações coletivas será destinada a projetos sociais na Bahia e na Serra Gaúcha.