Uma empresa americana de biotecnologia afirmou ter recriado o lobo-terrível, espécie extinta há mais de 10 mil anos, gerando entusiasmo inicial. No entanto, cientistas rapidamente esclareceram que os animais apresentados não são clones puros, mas lobos-cinzentos geneticamente modificados para se assemelharem ao antigo predador. Especialistas como o paleogeneticista Nic Rawlence destacaram que o DNA original está demasiadamente fragmentado, tornando impossível uma reconstituição fiel, enquanto a geneticista Gemma Marfany classificou os animais como “lobos tunados”.
A empresa por trás do projeto, Colossal Biosciences, defende que a “desextinção” pode ajudar a restaurar ecossistemas e combater as mudanças climáticas. Porém, a iniciativa levanta questões éticas e ambientais, especialmente quando mais de 44 mil espécies atuais estão ameaçadas, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza. Críticos argumentam que os bilhões investidos em trazer de volta espécies extintas poderiam ser direcionados para preservar habitats, reflorestamento e proteger a biodiversidade existente.
O debate revela uma contradição: a busca por reviver o passado pode desviar atenção da urgência em proteger o presente. Enquanto a tecnologia avança, especialistas alertam que a obsessão com a desextinção reflete uma ilusão de que a ciência pode corrigir todos os erros humanos. A pergunta que fica é se vale a pena ressuscitar espécies perdidas quando tantas outras ainda podem ser salvas.