Em uma série de fotografias tiradas em toda a Índia, mulheres, muitas delas sobreviventes de abuso, utilizam bordados tradicionais para adornar retratos de si mesmas. O projeto, chamado Nā́rī, documenta histórias de resiliência e comunidade, mostrando como essas mulheres se reúnem para compartilhar experiências enquanto trabalham com agulhas e linhas. Uma das participantes, cuja identidade é preservada, escolheu ser fotografada em sua sala de estar, um espaço simples decorado apenas com uma imagem de flores e uma foto dos homens da casa, detalhes que ganharam novos significados após o bordado.
A fotógrafa descreve como a mulher curou cuidadosamente o ambiente antes da sessão, trazendo um tapete de outro cômodo e refletindo sobre como transformaria a imagem com suas costuras. O ato de bordar sobre o próprio retrato surge como um gesto de autonomia, permitindo que essas mulheres reinterpretem suas próprias narrativas. A inclusão da foto dos homens na composição sugere uma camada adicional de reflexão sobre papéis de gênero e espaço doméstico.
O projeto não apenas celebra a arte tradicional, mas também destaca seu papel terapêutico e empoderador. Ao unir técnicas ancestrais a expressões pessoais, as participantes encontram uma forma de cura e afirmação. A iniciativa ressalta como a criatividade pode ser uma ferramenta para transformar histórias de dor em narrativas de resistência e beleza.