A Embaixada dos Estados Unidos em Brasília emitiu um visto para uma deputada federal brasileira registrando seu gênero como masculino, desconsiderando sua documentação oficial que atesta a identidade feminina. A representação diplomática justificou a ação citando a Ordem Executiva 14168, assinada pelo presidente norte-americano em janeiro de 2025, que reconhece apenas dois gêneros, masculino e feminino, considerados imutáveis desde o nascimento. A deputada, que integrava uma missão oficial autorizada pela Câmara dos Deputados, desistiu da viagem após o ocorrido.
A parlamentar encaminhou um ofício ao Ministério das Relações Exteriores solicitando uma reunião com o ministro e avalia medidas jurídicas internacionais contra a decisão. Documentos apresentados por sua equipe mostram que a embaixada ignorou sua certidão de nascimento retificada e passaporte brasileiro, que confirmam seu gênero feminino. Em 2023, o mesmo consulado havia emitido um visto respeitando sua identidade de gênero, mas a política mudou após o novo decreto.
O caso reacendeu o debate sobre as políticas de gênero do governo norte-americano, criticadas por parlamentares e ativistas como discriminatórias contra pessoas trans. A deputada destacou que a medida afeta não apenas cidadãos dos EUA, mas também estrangeiros que visitam o país, além de representar um desrespeito à soberania brasileira na emissão de documentos. O Itamaraty analisa o pedido de reunião, enquanto organizações de direitos humanos acompanham o desdobramento do caso.