A dívida pública federal, embora muitas vezes vista como um problema, é um mecanismo essencial para o financiamento do governo quando as receitas não cobrem as despesas. Segundo o economista Marco Cavalcanti, do Ipea, o endividamento em si não é negativo, como demonstrado durante a pandemia, quando recursos foram direcionados para auxílios emergenciais. No entanto, é crucial manter o controle sobre a trajetória da dívida, evitando que os juros consumam uma parcela excessiva do orçamento, limitando investimentos em áreas como saúde e educação.
Em janeiro de 2025, a dívida bruta do governo geral atingiu R$ 8,9 trilhões, equivalente a 75,3% do PIB. A maior parte desse montante (R$ 7,178 trilhões) é devida a credores domésticos, enquanto R$ 314,34 bilhões são obrigações internacionais. A remuneração dos títulos públicos varia conforme indexadores, como a Selic (47,77% do estoque), inflação (27,51%) ou dólar (4,18%). Fundos de investimento, instituições financeiras e entidades estrangeiras estão entre os principais detentores desses títulos.
Cavalcanti destaca que a sustentabilidade da dívida depende não apenas de regras fiscais, como o arcabouço atual, mas também de fatores como a taxa de juros e a eficiência do gasto público. Projeções indicam que a dívida federal deve crescer até 2027/2028, com possível redução a partir de 2029, embora análises do mercado financeiro sejam mais cautelosas. O equilíbrio entre disciplina fiscal e investimentos sociais é apontado como chave para evitar um cenário insustentável no longo prazo.