O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga destacou a necessidade de o Brasil reavaliar as prioridades do gasto público, com foco em saúde, e enfrentar discussões sobre incentivos fiscais que beneficiam principalmente os mais ricos. Durante painel na Brazil Conference, ele apontou que, nas últimas décadas, o gasto primário subiu de 25% para 33% do PIB, enquanto o investimento público despencou de 5% para 1%. Fraga citou o SUS, que consome 4% do PIB, e comparou com sistemas como o do Reino Unido, onde o gasto per capita é seis vezes maior, ressaltando a urgência de melhorias na gestão e no financiamento.
O economista criticou os “incentivos perversos” no sistema tributário, como deduções de Imposto de Renda e benefícios à Zona Franca de Manaus, que privilegiam setores mais ricos. Ele mencionou que a carga tributária efetiva para profissionais de alta renda, como advogados enquadrados no Simples, pode ser irrisória, sugerindo uma taxa mais justa em torno de 10%. Fraga também comentou a proposta recente do governo de reformar a tributação de renda, aumentando a isenção para quem ganha até R$ 5 mil e taxando mais os mais ricos, classificando a medida como tardia, porém necessária.
Além da saúde, Fraga abordou o impacto do envelhecimento populacional na Previdência, defendendo uma nova reforma para garantir sustentabilidade fiscal. Ele enfatizou que o Congresso precisa incorporar essas discussões em suas prioridades, equilibrando produtividade do Estado e geração de recursos. “Esse é o jogo”, concluiu, reforçando a importância de decisões políticas alinhadas com as demandas sociais e econômicas do país.