O dólar à vista acumula queda de mais de 6% no primeiro trimestre, operando abaixo de R$ 5,80, após atingir R$ 6,30 no fim de 2024. Analistas apontam que o movimento de apreciação do real enfrenta novos desafios, como um cenário externo incerto, com riscos de desaceleração da economia americana devido à guerra comercial, e ruídos políticos e fiscais no Brasil. Além disso, há dúvidas sobre o fluxo cambial e a continuidade do desmonte de posições em dólar por investidores estrangeiros, que reduziram suas apostas em mais de US$ 30 bilhões desde o fim do ano passado.
O recuo da moeda americana no período foi influenciado por fatores externos, como a postura menos agressiva do governo Trump em relação a tarifas comerciais e a desaceleração das big techs nos EUA, que abalou a tese do “excepcionalismo americano”. Isso beneficiou moedas emergentes, como o real, e o euro. No entanto, a possibilidade de uma recessão nos EUA ou um agravamento da guerra comercial pode reacender a aversão ao risco, pressionando as divisas de países emergentes. Internamente, medidas fiscais vistas como populistas e a incerteza sobre a reforma da renda também preocupam investidores.
Apesar do diferencial de juros elevado no Brasil, com expectativa de alta adicional da Selic para 15%, analistas projetam cautela. Enquanto alguns veem o dólar retornando a R$ 6,00 até o fim do ano, outros destacam que o real ainda tem proteção devido aos juros altos, mas as incertezas políticas e fiscais podem limitar ganhos adicionais. A exportação da safra agrícola pode melhorar o fluxo cambial, mas o cenário global e doméstico mantém o mercado em alerta.