O dólar à vista acumula queda de mais de 6% em 2025, operando abaixo de R$ 5,80, após atingir R$ 6,30 no fim de 2024. A valorização do real foi impulsionada por fatores externos, como a postura menos agressiva do governo americano em relação a tarifas comerciais e o enfraquecimento da tese do “excepcionalismo americano”, devido ao desempenho das big techs e ao avanço de empresas chinesas de inteligência artificial. No entanto, analistas alertam que incertezas globais, como a guerra comercial e a desaceleração da economia dos EUA, além de instabilidades fiscais e cambiais no Brasil, podem limitar a continuidade dessa tendência.
O primeiro trimestre do ano foi marcado pelo desmonte de posições em dólar por investidores estrangeiros, reduzindo em mais de US$ 30 bilhões suas apostas em derivativos cambiais. Apesar disso, o fluxo de dólares no Brasil permanece negativo, com saídas líquidas superiores a US$ 13 bilhões no segmento financeiro. A expectativa de recuperação do saldo comercial com a exportação da safra agrícola pode ajudar, mas dúvidas persistem sobre a internalização de recursos por exportadores e o comportamento do fluxo cambial nos próximos meses.
No cenário doméstico, ruídos políticos e fiscais, como a discussão sobre a neutralidade da reforma da renda e medidas populistas, aumentam a cautela dos investidores. Enquanto o diferencial de juros (com a Selic potencialmente subindo para 15%) oferece algum suporte ao real, especialistas projetam que o dólar pode retornar a R$ 6,00 até o fim do ano, diante das incertezas. O ambiente externo volátil e as pressões internas sugerem que a trajetória do câmbio ainda enfrentará desafios significativos.