O dólar registrou alta firme no mercado brasileiro, chegando a flertar com o patamar psicológico de R$ 6,00, impulsionado pelo agravamento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China. A moeda acumula ganhos de 5,13% em abril, refletindo a aversão ao risco diante da confirmação de novas tarifas americanas sobre produtos chineses, que atingirão 104%. O real foi uma das moedas emergentes mais afetadas, enquanto o yuan atingiu seu menor nível histórico frente ao dólar, pressionando exportadores de commodities, como o Brasil.
A falta de previsibilidade mantém investidores em busca de proteção, com saída de capitais de ativos locais e aumento do hedge em dólar. Operadores destacam que os estrangeiros já retiraram R$ 3,6 bilhões da bolsa brasileira em abril. Enquanto isso, franco suíço e iene, moedas tradicionais em momentos de crise, perderam parte dos ganhos recentes. Especialistas apontam que a incerteza sobre uma possível recessão nos EUA e os impactos da guerra comercial devem manter a pressão sobre as moedas emergentes.
O mercado também monitora possíveis cortes nas taxas de juros americanas, com expectativas de alívio monetário diante do risco de desaceleração econômica. Autoridades do Fed sinalizaram preocupação com a inflação e o consumo, mas destacaram que a política monetária já está moderadamente restritiva. Economistas avaliam que, no curto prazo, o temor de recessão parece superar as pressões inflacionárias, mantendo o cenário volátil para os mercados.