O dólar acumula queda de mais de 6% no primeiro trimestre, operando abaixo de R$ 5,80, após tocar R$ 6,30 no fim de 2024. Analistas apontam que a apreciação do real está ligada a fatores externos, como a postura menos agressiva de Donald Trump em tarifas comerciais e o questionamento do “excepcionalismo americano”, com a desaceleração das big techs. No entanto, o cenário permanece incerto, com riscos de uma guerra comercial mais acirrada e ruídos políticos e fiscais no Brasil, que podem limitar os ganhos da moeda local.
O fluxo cambial também gera dúvidas, mesmo com a expectativa de melhora devido à exportação da safra agrícola. Investidores estrangeiros reduziram posições em dólar, mas o fluxo financeiro permanece negativo, com saídas líquidas significativas. Além disso, medidas domésticas, como a liberação do FGTS e o novo crédito consignado, são vistas com cautela pelo mercado, que teme um possível aumento do populismo fiscal, pressionando o real no médio prazo.
Apesar das incertezas, o diferencial de juros elevado no Brasil — com expectativa de Selic em 15% — pode oferecer suporte ao real, dificultando apostas agressivas contra a moeda. Analistas projetam o dólar em R$ 6,00 no fim do ano, mas destacam que a volatilidade global e os riscos locais podem alterar esse cenário. O movimento de diversificação de carteiras, que beneficiou moedas emergentes, ainda depende da evolução da economia americana e das tensões comerciais.