Um magistrado aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo está sendo investigado por manter duas identidades distintas por mais de quatro décadas. De acordo com o Ministério Público e a Polícia Civil, ele possuía dois RGs, dois CPFs e outros documentos falsos, incluindo carteira de trabalho e passaporte. A identidade fictícia, criada em 1980, permitiu que ele ingressasse na faculdade de Direito da USP, fosse aprovado em concurso para juiz em 1995 e exercesse a magistratura até 2018. As autoridades ainda não descobriram a motivação por trás da fraude.
O caso veio à tona em outubro de 2023, quando o sistema de identificação biométrica do Poupatempo detectou que duas pessoas diferentes compartilhavam as mesmas impressões digitais. Investigadores constataram que as certidões de nascimento das duas identidades tinham o mesmo número de registro, mas dados completamente distintos. A certidão em nome estrangeiro, que alegava ascendência britânica, não existia no cartório indicado, confirmando a falsificação.
Durante interrogatório, o magistrado afirmou que a identidade falsa pertencia a um suposto irmão gêmeo adotado na Inglaterra, mas a versão foi considerada inconsistente pelas autoridades. Após o depoimento, ele se mudou do endereço registrado, e o Tribunal de Justiça suspendeu seus pagamentos. O caso, que envolve uma das mais longas fraudes documentais já investigadas no estado, segue em tramitação na Justiça paulista.