Em seu documentário de estreia, o cineasta curdo Arash Rakhsha retrata com poesia cinematográfica a vida difícil de seu povo. Filmado ao longo de seis anos, o trabalho acompanha dois amigos que atuam como “kolbars”, contrabandistas que transportam mercadorias não tributadas através da fronteira entre Irã e Iraque. Em tons frios de azul, o filme mostra os perigos constantes enfrentados por eles, mas também destaca momentos de calor humano e camaradagem em meio à incerteza.
A dupla carrega pesadas cargas nas costas por terrenos perigosos, desde rios até as montanhas cobertas de neve da cordilheira de Zagros. Além dos riscos naturais, os kolbars precisam evitar patrulhas fronteiriças e minas terrestres remanescentes da guerra entre Irã e Iraque. Estima-se que cerca de 200 pessoas morram anualmente nessas rotas, vítimas de acidentes ou confrontos.
O documentário não apenas expõe a realidade crua do contrabando, mas também humaniza aqueles que dependem dessa atividade para sobreviver. Com uma abordagem imersiva, Rakhsha oferece um olhar profundo sobre a resistência e a resiliência de comunidades marginalizadas, sem deixar de lado a beleza visual e a narrativa poética.