Em um relato cotidiano, uma mãe assume sozinha a responsabilidade pelos cuidados da filha, após a escola recomendar terapia devido a mudanças de comportamento. Enquanto ela se desdobra para conciliar trabalho e acompanhamento psicológico da criança, o pai se mantém ausente, sem sequer conversar com a filha. A situação não é exceção, mas reflexo de uma desigualdade estrutural na parentalidade, onde homens são socialmente permitidos a exercerem a paternidade de forma limitada, deixando o peso emocional e prático sobre as mães.
O texto critica a naturalização da omissão paterna, destacando como ações mínimas — como buscar o filho na escola ocasionalmente — são celebradas, enquanto a carga diária de cuidados recai quase exclusivamente sobre as mulheres. A autora argumenta que cuidar dos filhos não é um “dom feminino”, mas uma responsabilidade compartilhada, e que a ausência paterna não é neutra: é uma falha que sobrecarrega a mãe e prejudica a criança.
Por fim, a reflexão questiona a romantização do pai ausente e defende que a paternidade exige mais do que presença esporádica. A autora enfatiza a necessidade de dividir o cuidado, pois a criação dos filhos é coletiva, e a sobrecarga silenciosa das mães não deve mais ser normalizada. O texto serve como um alerta para repensar os papéis parentais e promover equidade no exercício da paternidade e maternidade.