Um parlamentar cotado para assumir o Ministério das Comunicações destinou R$ 30,2 milhões em emendas parlamentares ao município de Arame (MA), administrado por um familiar próximo. Os recursos, alocados entre 2020 e 2024, foram repassados por ministérios federais para obras de pavimentação e infraestrutura urbana. Arame, com apenas 25 mil habitantes, está entre as cidades maranhenses que mais receberam verbas federais na atual legislatura.
Embora não haja ilegalidade na indicação de emendas impositivas, o caso levanta questionamentos sobre critérios de prioridade e transparência, especialmente após o STF endurecer as regras para evitar abusos. O parlamentar foi um dos maiores beneficiários do orçamento secreto no governo anterior, com R$ 104,7 milhões em repasses. Parte dos recursos destinados a Arame veio de emendas de relator, modelo suspenso pelo Supremo por falta de transparência.
A indicação do parlamentar para o ministério faz parte de uma estratégia do governo para manter a representação do partido na Esplanada. O caso reforça as preocupações do STF sobre o uso de recursos públicos como ferramenta política, levando a Corte a exigir maior clareza nos critérios de repasse, principalmente quando envolvem municípios com vínculos familiares.