A deputada federal brasileira Erika Hilton denunciou ter sido vítima de violência e transfobia após seu gênero ser alterado para masculino em um novo visto para os Estados Unidos. A parlamentar, uma das primeiras mulheres trans eleitas para a Câmara dos Deputados, recusou-se a viajar para uma missão oficial após receber o documento, que não respeitava sua autodeterminação como mulher. Ela atribuiu o ocorrido a uma ordem executiva assinada pelo presidente dos EUA, que determina o reconhecimento apenas dos gêneros masculino e feminino em documentos oficiais.
A medida, que define gênero com base no sexo biológico, foi implementada no início do governo atual e inclui a remoção de termos como “LGBTQ+” e “transgênero” de formulários e políticas federais. Além disso, proíbe o uso de recursos públicos para promover a “ideologia de gênero” e restringe a participação de mulheres trans em competições esportivas femininas. Associações médicas, no entanto, contestam a decisão, afirmando que gênero e sexo são melhor compreendidos como um espectro.
Casos semelhantes ao da deputada já foram relatados, incluindo o de uma atriz trans que teve o gênero alterado no passaporte após um roubo. Uma ação judicial movida por grupos de defesa dos direitos civis busca reverter a política, argumentando que ela coloca pessoas trans em risco. A disputa reflete um conflito mais amplo entre medidas governamentais e a luta por reconhecimento e inclusão de identidades de gênero diversas.