Nos últimos meses, decisões nos Estados Unidos e no Reino Unido reacenderam o debate sobre os direitos de pessoas trans. No Reino Unido, a Suprema Corte definiu que mulheres trans não se enquadram na legislação de igualdade do país, restringindo o conceito de gênero ao sexo biológico. Já nos EUA, uma ordem executiva do governo federal reforçou a mesma perspectiva, resultando em casos como o de parlamentares brasileiras que tiveram seus gêneros alterados em vistos de entrada.
No Brasil, avanços conquistados pela comunidade trans ainda dependem majoritariamente de decisões judiciais, como a permissão para alteração do nome no registro civil sem necessidade de cirurgia e a criminalização da homofobia. No entanto, especialistas alertam para o risco de retrocessos, já que muitas dessas conquistas não estão consolidados em leis. Recentemente, o Conselho Federal de Medicina estabeleceu novas restrições para terapias hormonais e cirurgias de redesignação sexual, levantando preocupações sobre o acesso a tratamentos essenciais.
Apesar dos desafios, algumas iniciativas buscam promover inclusão, como a adoção de cotas para pessoas trans em universidades públicas. Atualmente, 23 instituições de ensino superior no Brasil reservam vagas para essa população, visando reduzir a marginalização e ampliar oportunidades. No entanto, a falta de políticas públicas mais abrangentes e o cenário político conservador no Congresso Nacional ainda representam obstáculos significativos para a garantia plena de direitos.