Estudantes e representantes da sociedade civil cobraram a inclusão de estratégias antirracistas e antissexistas no novo Plano Nacional de Educação (PNE), em análise na Câmara dos Deputados. Durante debate promovido pela Comissão de Educação, participantes destacaram a urgência de combater desigualdades e violências no ambiente escolar, como o racismo e a evasão de estudantes negros. Dados apresentados revelam disparidades persistentes: apenas 34% das crianças negras de 0 a 3 anos frequentavam creches em 2019, contra 40% das brancas, e no ensino médio, 70% dos jovens negros estavam matriculados ou haviam concluído o curso, ante 80% dos brancos.
A violência racial e de gênero também foi tema central, com relatos de estudantes que sofreram assédio e discriminação desde a infância. Uma jovem mineira compartilhou experiências de racismo disfarçado de bullying e sexualização precoce, sem que houvesse respostas efetivas da escola. Especialistas reforçaram a necessidade de políticas que garantam não só o acesso, mas a permanência e o sucesso de alunos negros, indígenas e quilombolas, além da implementação efetiva das leis que tornam obrigatório o ensino da história afro-brasileira e indígena.
O debate destacou ainda a importância de um PNE que promova uma educação inclusiva e transformadora, com formação docente e materiais didáticos adequados. A deputada organizadora do evento afirmou que a escola não pode ser um lugar de dor, mas de boas memórias e aprendizagem. O Ministério da Educação mencionou ações em andamento, como a Política Nacional de Equidade, mas participantes pressionam por metas mais claras e ações concretas para reduzir as desigualdades educacionais até 2034.