No Brasil, a responsabilidade pelo planejamento familiar ainda recai majoritariamente sobre as mulheres, conforme dados do Sistema Único de Saúde (SUS). Entre os métodos definitivos, as laqueaduras realizadas por mulheres são o dobro das vasectomias feitas por homens, com 380 mil procedimentos femininos contra 159 mil masculinos até o primeiro semestre de 2024. Estados como o Maranhão exemplificam essa desigualdade, com apenas 350 vasectomias registradas, enquanto Santa Catarina se destaca como a única unidade federativa onde os homens superaram as mulheres na adoção de métodos contraceptivos definitivos.
Especialistas atribuem a disparidade a fatores culturais e à falta de informação. Enquanto a laqueadura exige internação e anestesia, a vasectomia é um procedimento ambulatorial mais simples, mas ainda cercado de receios por parte dos homens. A mudança na legislação, que reduziu a idade mínima para esterilização de 25 para 21 anos, aumentou a procura, mas a conscientização masculina sobre a participação no planejamento familiar ainda é um desafio.
Iniciativas como os encontros em postos de saúde de São Paulo buscam incentivar o diálogo sobre o tema, embora a maioria dos participantes ainda seja composta por mulheres. Casos como o de um técnico em edificações que optou pela vasectomia ilustram a importância da informação para mudar esse cenário. Para especialistas, políticas públicas mais eficazes devem focar na responsabilização dos homens na reprodução e na parentalidade, promovendo maior equidade nas decisões familiares.