A produção industrial brasileira registrou queda de 0,1% em fevereiro, marcando o quinto mês consecutivo sem crescimento, segundo dados do IBGE. O desempenho negativo foi influenciado principalmente pela retração nos setores de bens de consumo duráveis (-3,2%) e não duráveis (-0,8%), com destaque para quedas em produtos farmacêuticos e de madeira. No entanto, o resultado foi parcialmente compensado pelo avanço em bens de capital e intermediários (+0,8% cada), impulsionados pela indústria extrativa (+2,7%) e de alimentos (+1,7%).
Economistas apontam que a estagnação reflete os efeitos do aperto monetário do Banco Central, que elevou juros para conter a inflação, impactando especialmente setores sensíveis a crédito e confiança empresarial. Rafael Perez, da Suno Research, destacou que a indústria acumula queda de 1,3% nos últimos cinco meses, pressionada por juros altos, câmbio desfavorável e incertezas externas, como as tarifas de importação dos EUA. Apesar disso, há expectativa de recuperação moderada em 2025, com crescimento mais equilibrado entre extrativismo e transformação.
Projeções para o ano sugerem um cenário misto: enquanto o C6 Bank prevê retração de 0,4% na produção industrial, a XP estima alta de 2,2%, abaixo dos 3,1% de 2024. Fatores como resiliência do mercado de trabalho, estímulos governamentais e demanda doméstica podem sustentar uma expansão moderada, embora desafios como juros elevados e desaceleração global persistam. O PIB em 2025 deve crescer entre 1% e 2%, com destaque para agropecuária e consumo, enquanto a indústria tende a ter participação limitada na recuperação.