Integrantes da liderança da Câmara dos Deputados manifestaram insatisfação com um ofício enviado pelo ministro do STF Cristiano Zanin ao presidente da Casa, Hugo Motta, sobre o processo penal contra o deputado Alexandre Ramagem, acusado de envolvimento na trama golpista de 2022. Os parlamentares consideraram o documento uma interferência do Judiciário no Legislativo e discutem possíveis reações. A Constituição prevê que a Câmara pode suspender ações penais contra deputados por crimes cometidos após a diplomação, mas o STF afirmou que a competência da Casa é limitada a parte do processo.
A avaliação de aliados do presidente da Câmara é que o gesto do ministro ultrapassou os limites entre os Poderes e desrespeitou a autonomia do Legislativo. Há preocupação de que a falta de uma resposta contundente possa afetar a credibilidade de Motta entre os colegas. Lideranças de diferentes espectros políticos, incluindo a oposição, criticaram a atitude do STF, reforçando o discurso de defesa das prerrogativas parlamentares.
Enquanto alguns defendem que a Câmara ignore o ofício e acelere a tramitação do caso, outros avaliam medidas mais duras contra o Supremo. O episódio ocorre em um momento sensível, com negociações sobre o projeto de anistia aos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro. O presidente da Câmara deve discutir o assunto com o presidente do STF durante uma viagem oficial à Itália, buscando evitar um maior desgaste institucional.