Os exportadores de café brasileiros deixaram de enviar 638 mil sacas ao mercado externo em março de 2025 devido a gargalos na infraestrutura portuária, resultando em um prejuízo direto de R$ 8,901 milhões para as empresas. Segundo o Boletim DTZ, elaborado em parceria com o Cecafé, 179 das 325 embarcações registradas tiveram atrasos ou mudanças de escala. Desde junho de 2024, as perdas acumuladas chegam a R$ 66,576 milhões, enquanto o país deixou de receber R$ 1,510 bilhão em receita cambial no último mês.
Os principais problemas incluem custos adicionais com armazenagem, multas por atraso na devolução de contêineres (detentions), e complicações no pré-stacking e antecipação de gates. O Porto de Santos, responsável por 78,5% dos embarques de café no primeiro trimestre, registrou 63% de atrasos, com esperas de até 42 dias. Já o complexo portuário do Rio de Janeiro, segundo maior exportador, teve 59% de atrasos, com pico de 15 dias.
O Cecafé reconhece os investimentos anunciados pelo governo, como o leilão do TECON10 e a concessão do canal de entrada em Santos, mas alerta para a urgência de soluções, já que a infraestrutura atual não acompanha o crescimento do agronegócio. O Ministério de Portos e Aeroportos destacou o Programa Navegue e Simples, que busca agilizar a movimentação de cargas, mas as melhorias devem levar anos, enquanto as perdas se acumulam.