O Programa Mundial de Alimentos (PMA) alerta que, após perder financiamento dos Estados Unidos, só poderá assistir metade dos afegãos que enfrentam fome no país. Com recursos limitados, apenas oito milhões de pessoas receberão ajuda em 2025, em um cenário onde 15 milhões sofrem com insegurança alimentar e mais de três milhões estão à beira da fome. Os cortes afetam 14 países, incluindo o Afeganistão, que vive a segunda maior crise humanitária do mundo, atrás apenas do Sudão. A decisão americana, anunciada em janeiro, reduziu drasticamente o apoio a programas essenciais, mesmo após protestos de organizações internacionais.
A situação no Afeganistão é ainda mais crítica devido ao isolamento diplomático desde a retomada do poder pelos talibãs em 2021. O país não recebe reconhecimento internacional nem acesso a acordos de desenvolvimento econômico, dependendo quase exclusivamente de ajuda emergencial. Dados alarmantes mostram que 10% das crianças menores de cinco anos sofrem de desnutrição aguda, enquanto 45% têm atraso no crescimento. A ONU estima que 22,9 milhões de afegãos precisarão de assistência este ano, mas a falta de fundos ameaça deixar milhões sem qualquer apoio.
Organizações humanitárias pedem urgentemente que doadores mantenham seus compromissos, destacando que a redução de recursos pode aumentar a migração e as tensões regionais. Além do PMA, programas de saúde reprodutiva, nutrição e agricultura também foram afetados, em um país onde 80% da população depende do campo para sobreviver. Representantes da ONU enfatizam a necessidade de colaboração global, mas admitem que, sem financiamento adequado, a capacidade de resposta está severamente comprometida. A crise no Afeganistão ilustra o impacto devastador da retirada de ajuda internacional em contextos já fragilizados.