No núcleo do governo atual, cresceu a percepção de que a crise entre a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) é preocupante e expõe vulnerabilidades no setor de inteligência. O conflito se intensificou após a revelação de uma suposta operação de espionagem da Abin para monitorar autoridades do Paraguai, relacionada a negociações sobre a usina de Itaipu. O episódio não só levantou questões sobre a coordenação entre os órgãos, mas também gerou uma crise diplomática com o país vizinho, levando o governo a interromper a operação herdada da gestão anterior.
A situação é vista como especialmente delicada porque revela divisões internas na PF e coloca o Brasil em uma posição frágil no cenário internacional. O governo avalia que a inteligência deve ser usada estrategicamente, sem criar conflitos, e se preocupa com o vazamento de informações que prejudicam a imagem do país. Além disso, investigações sobre supostas interferências na chamada “Abin paralela” — herdada do governo passado — acabaram envolvendo a atual gestão, aumentando as tensões entre as instituições.
Nesta quinta-feira, autoridades da Abin foram convocadas para depor sobre alegações de obstrução às investigações, o que reforça a percepção de disputa entre os órgãos. O Planalto considera lamentável que ações da administração anterior ainda impactem negativamente a atual, enquanto o Paraguai cobra explicações formais sobre o caso. A crise destaca a necessidade de maior alinhamento e transparência no setor de inteligência para evitar danos à política externa e à credibilidade institucional.