Facções criminosas no Brasil estão ampliando seus domínios para o setor de internet, substituindo provedores legais por serviços clandestinos em áreas controladas pelo tráfico. De acordo com denúncias, grupos ameaçam, extorquem e até incendeiam veículos e lojas de empresas legítimas para impor suas redes ilegais. Estados como Rio de Janeiro, Pará e Ceará já registram casos, com criminosos cobrando “pedágios” de operadoras e expulsando técnicos. A Polícia Civil investiga mais de 120 ocorrências apenas no Rio, onde o esquema é comparado a uma “nova boca de fumo” em termos de lucratividade.
A prática se repete em outras regiões, como em Ananindeua (PA), onde o Comando Vermelho teria incendiado um carro como aviso, e no Ceará, onde ataques deixaram 16 mil pessoas sem conexão. Criminosos usam mensagens para coagir moradores a obedecerem regras impostas, enquanto redes clandestinas representam riscos à segurança digital, facilitando espionagem e golpes. Autoridades alertam que a falta de fiscalização pode permitir a expansão do problema para outros estados.
A Associação Brasileira de Provedores de Internet (Abrint) expressou preocupação com a demora na resposta do poder público, classificando a situação como uma questão de “segurança nacional”. A Anatel foi contactada para se pronunciar, mas ainda não se manifestou. Enquanto isso, empresas fecham as portas, e comunidades ficam reféns de um serviço precário e controlado pelo crime organizado.