No último dia do Acampamento Terra Livre (ATL), maior mobilização indígena do Brasil, um grupo de crianças de diversas etnias entregou uma carta a representantes do governo federal, exigindo ações concretas contra as mudanças climáticas e a destruição ambiental. O documento, escrito com ajuda de adultos e crianças não-indígenas, alerta para o desmatamento, a poluição dos rios e a ameaça aos seres vivos, destacando que as crianças são “o presente, não apenas o futuro”. Yará Santos da Costa, 9 anos, e Luana Katariru, 8, leram o manifesto, que pede compromissos reais para proteger florestas, água e culturas tradicionais.
As crianças enfatizaram que os problemas ambientais afetam não só a Amazônia, mas o mundo todo, citando a fumaça das queimadas e a escassez de ar puro como consequências diretas da ação humana. “Se não cuidarem do nosso mundo, não vai haver futuro para nós”, afirmaram. O evento, que reuniu entre 6 mil e 8 mil indígenas de 135 etnias, serviu como plataforma para ampliar a voz das novas gerações, que cobraram dos adultos responsabilidade e escuta ativa.
As ministras presentes se emocionaram ao receber a carta, reconhecendo a inversão de papéis em que crianças precisam liderar a defesa do planeta. Marina Silva destacou que soluções técnicas para o aquecimento global existem, mas falta compromisso ético para implementá-las. Já Sonia Guajajara reforçou a importância da participação indígena nas decisões governamentais, tratando o manifesto não como um gesto simbólico, mas como um chamado à ação imediata para garantir o futuro das próximas gerações.