Nos Estados Unidos, cortes orçamentários e demissões em agências federais estão levantando preocupações sobre a capacidade do país de garantir a segurança alimentar. O FDA, responsável por inspeções e regulamentações, teve milhares de funcionários demitidos, incluindo cientistas e equipes de comunicação essenciais para monitorar surtos de doenças. Além disso, comissões consultivas focadas em segurança alimentar foram extintas, e estados tiveram seus recursos para inspeções reduzidos em até 60%, dificultando a resposta a contaminações. Essas mudanças ocorrem em um momento em que o país já enfrentava atrasos nas inspeções de instalações de alto risco, conforme relatado pelo Government Accountability Office.
A aplicação da Lei de Modernização da Segurança Alimentar, aprovada em 2011, também está sendo prejudicada. Regras importantes, como a que exigia o rastreamento de fontes de contaminação, foram adiadas após pressão da indústria, enquanto testes de qualidade da água na agricultura foram substituídos por um sistema baseado na confiança. Especialistas alertam que, sem fiscalização adequada, surtos de doenças podem passar despercebidos, criando a falsa impressão de que o sistema está funcionando.
As consequências dessas medidas ainda não são totalmente visíveis, mas defensores da segurança alimentar temem que a falta de investimento e pessoal qualificado leve a mais casos de intoxicação e mortes. Com equipes reduzidas e orçamentos insuficientes, a capacidade de detectar e responder a crises—como contaminações por E. coli ou listeria—fica comprometida, colocando em risco a saúde pública.