O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu afastar por 60 dias um desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) devido a publicações de cunho político-partidário em redes sociais. As postagens, que questionavam a credibilidade do sistema judicial e eleitoral, foram consideradas pelo órgão como promotoras de desconfiança social. Entre os conteúdos compartilhados, destacaram-se mensagens associando o presidente da República a uma organização criminosa e críticas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), além de alinhamento com um ex-presidente durante o período eleitoral.
Em outubro do ano passado, o desembargador já havia tido suas redes sociais suspensas após reincidir na conduta, mesmo sob investigação. A Corregedoria Nacional identificou múltiplas postagens que, segundo o relatório, indicavam apoio a um dos lados da disputa política. Embora o relator do caso tenha proposto um afastamento de 90 dias, a maioria do plenário optou por uma penalidade de 60 dias, seguindo o voto divergente de outro conselheiro.
A defesa do desembargador argumentou que as interações nas redes sociais foram limitadas a curtidas em postagens institucionais e ocorreram após o período eleitoral, não configurando apoio explícito. Também negou qualquer envolvimento em atos antidemocráticos e questionou a validade de capturas de tela como prova isolada. O caso reforça o debate sobre a imparcialidade de membros do Judiciário e os limites da liberdade de expressão para magistrados.