Em 2024, os conflitos por terras no Brasil envolveram 904 mil pessoas, um aumento significativo em relação aos 792 mil registrados em 2023, segundo relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Apesar da queda no número total de ocorrências (2.185 em 2024 contra 2.250 no ano anterior), a violência no campo continuou a crescer, resultando em 13 assassinatos. Os principais agentes desses conflitos foram fazendeiros, responsáveis por 44% das violências, seguros por grileiros, empresários e madeireiros. Entre as vítimas, povos indígenas representaram 29% dos casos, seguidos por posseiros e quilombolas, com destaque para o Maranhão, onde houve 22 registros.
O relatório destacou a atuação de um grupo ruralista que promove ações violentas contra comunidades tradicionais, com apoio de parlamentares e forças policiais. Um caso emblemático foi o assassinato de uma liderança indígena no início do ano, marcando a escalada da violência. O grupo também influencia propostas legislativas que criminalizam ocupações e retomadas de terras, ampliando os conflitos em estados como Goiás, Bahia e Pará. A CPT alerta para o papel do legislativo no agravamento da crise, citando o marco temporal de demarcações como fonte de tensão.
A CPT defende a reforma agrária como solução para reduzir a violência, enfatizando a necessidade de visibilidade e direitos iguais para comunidades marginalizadas. O secretário-geral da CNBB destacou o alinhamento do trabalho da pastoral com as diretrizes do Papa Francisco, reforçando o compromisso com justiça social. O relatório serve como um alerta sobre a urgência de políticas públicas que equilibrem interesses econômicos e direitos humanos no campo.