A empresa de biotecnologia Colossal Biosciences anunciou o suposto retorno do lobo-terrível, espécie extinta há mais de 10 mil anos, por meio de edição genética de lobos-cinzentos modernos com DNA extraído de fósseis. O anúncio, porém, foi recebido com ceticismo por especialistas, que questionam a veracidade e a finalidade do projeto. A geneticista Mayana Zatz, referência no estudo de genética no Brasil, destacou que as técnicas utilizadas poderiam ser direcionadas para curar doenças humanas, em vez de reviver espécies extintas.
O processo de “desextinção” envolveu a edição de genes e a implantação de núcleos em óvulos desnucleados, gerando embriões gestados por cadelas. Zatz comparou o método ao utilizado em xenotransplantes, onde órgãos de porcos geneticamente modificados são adaptados para humanos. No entanto, cientistas apontam limitações técnicas, como a degradação natural do DNA antigo, que impossibilita a reconstrução completa do genoma original. Além disso, especialistas argumentam que os animais apresentados são híbridos, não verdadeiros lobos-terríveis.
A iniciativa também levantou questões éticas, como o possível impacto ambiental da reintrodução de espécies extintas e o confinamento dos animais. Sem revisão por pares ou publicação em revistas científicas, a comunidade acadêmica permanece dividida sobre a validade do projeto. Enquanto alguns veem a desextinção como um avanço tecnológico, outros defendem que os recursos deveriam ser prioritariamente destinados a pesquisas médicas e conservação de espécies ameaçadas.